terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

8- Capítulo Oito

2011
Nossa banda tinha o costume de ficar até às 21:00h ensaiando, dava umas três horas de ensaios diários. Falando assim, pode até soar muito ou exaustivo, mas não. O tempo passava às pressas e por mais que ficássemos cansados, queríamos sempre mais.
Por volta das 20:00h Sally aparecia para assistir ao nossos ensaios, era quando terminava sua partida de futebol. Engraçado como ela realmente gostava de jogar. Inicialmente cheguei a acreditar que fosse por causa de alguma nova paixão, mas me enganei. Ela me contava sobre o jogo com bastante animação. Mesmo que eu não desacreditasse de todo ter alguém chamando a sua atenção por lá.
Tinha sido um final de semana inacreditável, mas eu deveria ter imaginado que os dias seguintes não ficariam por menos.
Ainda não tinha dado oito horas da noite quando Sally surgiu em nossa sala.
Talita dizia que faltava alguma coisa em nossa banda.
“Nós somos bons, mas não o suficiente. E isso não tem nada a ver com pouco ensaio nem com pouco talento. Nós temos potencial para marcamos a história do rock, mas falta alguma coisa. Andei pensando sobre isso e percebi que nos falta harmonia. Estamos em ritmos diferentes. Com projeção diferente. Presos em conceitos já existentes. Falta liberdade. Falta ousadia. Falta harmonia. Porque de nada adianta sermos incríveis, se não formos um. Precisamos disso. Precisamos estar na mesma sintonia. Por essa razão nada de ensaios até semana que vem.” Talita levantou o dedo. “Sem reclamações. Sei lá, façam o que quiserem nesse tempo, menos música. Resolvam suas questões. Liberem suas mentes. Deem um jeito de encontrar essa harmonia pra nossa banda.”
“Só a gente?” Vinícius indagou.
Talita deu uma encarada. “Eu faço parte ‘da gente’ se ainda não percebeu.” Revirou os olhos. “Bem, vamos encerrar por hoje, galera. Por favor, levem à sério o que eu falei.”
Sally fazia uma cara engraçada para mim e eu estava indo até ela quando Talita apareceu na minha frente.
“Preciso conversar com você.”
“Agora?”
Talita olhou para trás de si e viu sua prima. “Oi, Lilly! Posso roubar o Jack rapidinho?”
Sally ficou nitidamente sem graça. “Sem problemas. Eu só vim ver o ensaio mesmo, mas acabei nem dando sorte. Vou ficar aqui com os meninos... Espero vocês pra gente ir junto pro dormitório?”
“Ah, não por mim, ainda vou ficar um tempo aqui na sala quando todos saírem.” Talita.
Sally foi até os meninos como disse que faria. Odiei a Talita por isso.
“Talita, já está tarde. Melhor a gente conversar amanhã.” Tentei sair, mas ela não me deixou.
“Jack...” Ela pediu.
Olhei para ela. A sua expressão era uma agonia. “Por favor...”

You (The Pretty Reckless)
You don't want me, no
You don't need me
Like I want you, oh
Like I need you
Você não me quer, não
Você não precisa de mim
Como eu quero você, oh
Como eu preciso de você

Fechei meus olhos. Era difícil dizer não, quando me sentia culpado pelo estado em que ela se encontrava.
“Sinto sua falta, Jack. Não queria, juro, mas parece impossível fazer isso parar.” Ela me dizia baixo. “Eu sei que você é apaixonado pela Sally...”
Interrompi a Talita apertando seu pulso. “Aqui não.”
“Sei de uma sala vazia.”
Suspirei. “Vamos.”
Não quis ver a expressão da Sally a me ver saindo de forma tão suspeita com a Talita. Aquilo estava me tirando a paciência.
Assim que chegamos à sala fiz questão de me manter mais afastado da Talita. “O que você quer, Talita?”

And I want you in my life
And I need you in my life
E eu quero você na minha vida
E eu preciso de você na minha vida

“Não me pergunta isso, Jack.” Ela disse fechando os olhos. “Eu tinha me prometido nunca mais tocar nesse assunto. Enterrá-lo de verdade. Mas é uma tortura tão grande...” Lágrimas começaram a descer por seu rosto.

You can't see me, no
Like I see you
I can't have you, no
Like you have me
Você não pode me ver, não
Como eu vejo você
Eu não posso ter você, não
Como você me tem

“Não sei o que está acontecendo comigo, Jack. Não me reconheço. Se não fosse pela banda... Porque te ver e não te tocar, estar do seu lado e te sentir tão distante... Perdi meu orgulho.”
Aproximei-me dela. Acariciei seu rosto, limpando suas lágrimas. “Me perdoa, Talita. Não sei o que posso fazer. Eu amo a...”
Ela franziu a testa fazendo um som com a boca para que eu não dissesse. “Eu sei.”
Dei um beijo em sua testa e a puxei para os meus braços.
Talita disse com a cabeça repousada em meu ombro. “Uma última vez, Jack... Me deixe te amar só mais uma vez.”

8 comentários:

  1. Porra que situação... .-.
    Ai, Senhor, e agora?
    Sabe, acontece que nunca será a última, se ela realmente perdeu o orgulho... Nada a impedirá de continuar implorando... =(
    Isso não faz bem pra ninguém não... Aff, Suh... Como você é má! >.<

    Bjks!

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    1. Não sou má não Y_Y'

      As pessoas são tão surpreendentes...

      Bjuus!! =*

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  2. Mais uma vez a Paulinha já disse tudo em que eu pensei! Enquanto ela continuar assim, nunca poderá afirmar que é a última vez e se o Jack continuar cedendo é como se estivesse criando falsas expectativas mesmo que contra a vontade dele.
    Poxa, você sabe que me parte o coração essa situação da Talita... Agora nem sei quem é mais o primeiro da lista de surras que eu vou dar: Sally, Jack ou você! Hunf.
    Mais, mais, mais! *--* Beijo.

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    1. Melhor dar uma olhadinha no próximo capítulo pra saber no que vai dar. *lala

      *------*

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  3. Por mim ele larga mão da Ly e pega a Talita... Só pra SER DO CONTRA!

    Bjosmil! *.*

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  4. Penso que se a Talita quer, ela deve que lutar... mas se a insistência dela deixa o Jack numa situação tensa (Ainda mais por ele gostar da Sally) Ele deveria parar imediatamente!!!! ><

    Bjos, malvada :P

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